terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Desembarque: Portão 2008


Jean Paul Sartre diz, em A idade da razão, que “existir é isso: beber-se a si próprio sem sede”. Filosofia. Conviver com esses gênios me confunde, confesso...

Para mim, existir é aprender a amar o que não temos para, assim, sonhar e fazer acontecer. Andei dizendo que faria faculdade de filosofia depois de me aposentar e é verdade, pois muito amiga do conhecimento sou, embora apenas saiba que nada sei e que muito ainda devo aprender.

Não vou por 2007 em uma lista. 2007 é o ano ímpar que não merece apenas isso. Não farei lista das coisas boas porque corro o risco de me lembrar também das coisas ruins, todavia certamente as coisas boas valeram o esforço para conseguí-las e as coisas ruins me tornaram mais sábia para acertos futuros. Em 2006 os meus erros me faziam rir de mim mesma...Em 2007 eu comecei a aprender com eles. Talvez 2008 seja o ano do acerto de contas.

Errar não nos torna menos do que os outros. Errar nos torna iguais, porque somos humanos e humanos erram, mesmo com toda tecnologia disponível... Erramos freqüentemente com a família, com as palavras mal escolhidas que dirigimos aos amigos, com as ausências e com horas perdidas de sono. Erramos mais por amor do que por dinheiro, pois, como ainda diz uma filosofia árabe, o amor nos permite fazer coisas que não faríamos por dinheiro. É aí que nos perdemos em nossas atitudes e nossa frágil ética fica ainda mais debilitada.

Gostaria de pedir um favor a todos e estendo isso a mim também, que muito escrevo e pouco falo quando preciso: em 2008, não falem quando não há nada p’ra se dizer; não obriguem ninguém a fazer o que não é necessário ou só por capricho; deixem seus filhos escolherem a profissão que eles querem seguir; mintam o menos possível...e somente para não magoar; não enganem e não iludam, seja quem for; saibam admirar a pureza da resposta das crianças; convençam alguém a parar de fumar; dancem mais; chorem de felicidade (não existe preço que se pague por tamanha alegria); leiam a vossa idade em quantidade de livros durante o ano; planejem melhor o tempo; não troquem o certo pelo duvidoso, mas se isso for necessário mergulhem de cabeça e esqueçam do que um dia FOI o certo... Nadem com toda a força; não estraguem o planeta comprando supérfluos; economizem dinheiro (assim vocês sempre terão um pouco dele); se sentirem necessidade de trair alguém, em qualquer sentido, lembrem-se de só o fazer se puderem agüentar a dor de serem traídos um dia desses; doam-se de amores e declarem-se (quem conseguir isso, me avise!); tomem banho de chuva no verão; confiem em alguém, mesmo que só tenham a si mesmos para tanto; cultivem uma pequena grande verdade universal: faça aos outros o que gostaria que fosse feito por você... E tenha sede de beber-se a si mesmo, isto é existir.

O DeBagagem deseja um feliz 2008...e quem se atrever a ir, que vá de mala, cuia e cabeça erguida!

Um comentário:

Camila disse...

quem nao se rende aos clichês nao eh mesmo.. iresistivel nao comentar nem q seja para falar mau do natal, ano novo... gostei do texto, espero que em dois mil e oito as pessoas tambem pensem um pouco mais na humanidade em si, do que no seu proprio bem
bjs