quarta-feira, 26 de março de 2008

Do Baú...

TEXTO ANTIGO... Lembranças novas


Gente Doida! (ou Pensamentos de uma louca)

Era cedo, faltavam apenas dois minutos pra meia-noite quando acordei depois de um longo dia de caminhada na piscina do clube que ficava no quintal de casa até ser transferida para o canil de gatos, onde as galinhas ciscam seus ovinhos e alimentam as minhocas gordas para que elas não morram de fome.
Eu vi, com meus olhos bem fechados, no céu da terra um avião batendo suas asas e correndo desesperadamente para não perder o aeroporto. Muito confusa eu fiquei, mas mesmo assim continuei disposta a dormir enquanto descascava os amendoins que minha avó acabara de engolir enquanto reclamava da coceira que os malditos piolhos faziam nos pelos do dedão do pé.
Por via das dúvidas, resolvi estudar para aquela prova que eu fora muito mal na semana passada. Porém não suportava aquelas contas difíceis e cheguei à conclusão que literatura não é muito fácil de se calcular.
Então, quando o dia já estava amanhecendo tive a chance de contemplar a lua murcha que trazia lindos raios de sol para o terreno dos fundos que ficava perto do portão de entrada do prédio da nossa casa.
Por mais que já tivesse caminhado, resolvi tirar a vaquinha Mimosa do canil e galopar até uma rua tranqüila e silenciosa onde uma pequena confusão se espalhara por toda avenida.
Não me interessei em saber o que estava acontecendo e por causa disso incomodei um ceguinho que estava lendo um rótulo sem letras de uma garrafa de pomada, sentado num pequeno banco onde somente quarenta pessoas caberiam sentadas e falei perguntando o que havia acontecido.
Ele, como era muito simpático, disse-me curta e grossamente que um louco muito lúcido havia fugido pela fechadura da porta do hospício do zoológico da cidade municipal, gritando: Antes morrer do que perder a vida!

Um comentário:

Antônio Dutra Jr. disse...

Muito criativo! Adorei!

=]

Beijão, moça!