domingo, 25 de novembro de 2007

TEMPO



Falta tempo
P'ra fazer comida
P'ra andar sem pressa

Falta
Faz falta a falta de sentir falta
Falta faz o tempo
Que agora não distrai

Falta tempo
Escrever sobre Porto Alegre
Acreditar que acontece
Que tudo me move quando permanece

Faz falta
A falta que você já não me faz

domingo, 11 de novembro de 2007

O Contexto do Sistema


Nunca me atrevi a escrever sobre isso, embora tenha refletido sobre este assunto muito além dos debates em sala de aula no ensino médio e em conversas propositais.
Drogas, entorpecentes, alucinógenos, estimulantes, ilícitos, proibidos, seja lá o nome que se dê a isso. Por que escrever sobre elas se eu não as consumo? Por que insistir nesse debate se tenho certeza que não preciso de nenhuma dessas substâncias p’ra sobreviver?
Acredito que seja justamente por este motivo que deveríamos dar mais atenção a este assunto, uma vez que entre os meus ideais não existe a vontade de consumir esse produto, mesmo que meus amigos usem, mesmo que meus maiores ídolos o tenham feito. Eu observo o contexto de suas vidas e digo não a esta parte do exemplo, pois tenho bem claro o final de suas histórias.
A sociedade é vitima de um sistema corrompido. Isto é fato. Confesso que este me é um raciocínio recente e que necessita de várias outras reflexões até que eu alcance uma consideração final, mas não pretendo me ater a isso, pelo menos por enquanto.
Acredito que o que chamamos de “sociedade” seja naturalmente hipócrita em certos sentidos, porém contesto o fato de que sejamos totalmente cegos, mas sim que enxergamos somente aquilo que queremos ver, que nos é conveniente e não corrompe nossos atos e palavras. Só nos resta saber agora se a hipocrisia é fruto do sistema ou se escolhemos estar dentro dele e, por conseqüência, a hipocrisia se torna intrínseca.
Nunca me atrevi a escrever sobre isso porque tenho medo, assim como muitos também têm. Eu não moro na favela, mas sei que Erechim tem favela. Não gostaria de ser chamada de burguesa só porque moro num lugar diferente. O que me assusta é saber que a divisão é natural, é cadente e não é nada recente. Eu tenho consciência, mas não posso fazer nada por eles. Ou posso?
O sistema, onde nós fomos inseridos logo antes de nascer (sim, pois mesmo antes de você ter nascido seus pais pensaram ou não em lhe ter), é restritivo, é hierárquico e não atende a todos da mesma forma. Existe gente que vende porque existe gente que compra. Quem compra possui o dinheiro para aquele que vende, porque este também precisa comprar.
Confesso que deixei de ir a festas. Em parte por não ter dinheiro, ou melhor, por precisar dele para coisas mais importantes, mas também porque não consigo ficar tranqüila e feliz sabendo que a maioria das pessoas ao meu redor está “feliz” porque bebeu ou fumou maconha. Confesso que tenho medo.
Pergunto-me qual é a solução, e do ponto de vista do contexto social que as drogas geram, estampa-se na cara o jeito simples de acabar com isso: não começando.
Não pretendo ensaiar um discurso sobre “todas as coisas boas da vida que não incluam usar drogas”. Não sou a burguesa politicamente correta. Não faço e não faria este papel. Sou honesta o suficiente para dizer que faço o mínimo para que o sistema termine. Eu digo não. Eu digo NÃO porque acima desse tipo de consumo existe gente precisando de ajuda.
* Na imagem acima: criança de Serra Leoa, de arma na mão.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Arabescos da noite que não quer terminar

Eu poderia passar mais esta noite acordada, tentando encontrar nas minúcias dos meus passos os erros que cometi. Eu poderia perder o sono, buscando entender se o que faço é simplesmente o que dá pra fazer ou se é realmente o meu melhor, o meu ser integro e intrínseco.

Meus rascunhos revelam mais sobre mim do que a caneta tinteiro dos dias especiais...

Esta noite o meu presente é a inspiração prometida nas coisas em que eu botei “tamanha fé a ponto de transportar montanhas” e que deram errado. Eu olho as fotos no computador, eu escuto a música, rabisco... A vida passa assim como um filme e é como se nem minha ela fosse.

Eu poderia passar a noite pensando nas coisas que não aconteceram, nos arrependimentos e nos desejos contidos. Eu poderia...

Eu poderia continuar meus dias devaneando sobre as minhas saudades, sobre a saudade que sinto do meu futuro. Ora, eu o planejei tanto para virar isso?

Eu sonhei, eu imaginei e construí o meu caminho incerto sobre oportunidades dispersas. Fiz meus teatros, confeccionei a minha realidade sem perguntar se ela fazia parte da realidade do mundo ou se foi apenas uma ilusão.

Eu poderia não dormir e continuar imaginando você dizendo idiotices no meu ouvido, ou sentir arrepios só de ter certeza que você pensa em mim. Eu não dormiria se o meu devaneio trouxesse teu perfume p’ra mais perto dos meus sonhos, se eu ainda pudesse lembrar como é lhe ter por perto. Eu não dormiria se pudesse simplesmente lhe ouvir por telefone...

No entanto, não tenho mais sono. Penso em como você está, se conseguiu estudar como deveria, se deu pra sorrir, se não passou frio...Eu perco o sono por desejar boa sorte as nossas vidas, mesmo separadas. Eu perco o sono por lembrar que não existimos mais, que fomos separados pela distância e pela falta de algo raro, por falta de amor estou perdendo meu sono...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

INSPIRAÇÃO

Estou sem idéias
Meu corpo pede descanso
Minha mente, enquanto isso, desperta...


Paisagem

O pôr do Sol que bate na face oculta dos prédios. Como poderia descrever-te, tão docemente quanto o ar que me invade, inspiração?
Non J’e Ne Regrette Rien, como já disse o poeta. Esta então deve ser a tua verdadeira face, que se assemelha ao belo sem preço que tenho na soleira dos meus olhos neste momento.
Não arrepender-se. Não conformar-se. Tudo deve valer a pena se nossas almas tiverem o dom da grandeza e a genialidade do espírito.
Céu. Nuvem. Árvore. Pintura que meu pai gravou no ar. Não há preço que se pague, mas haverá aqueles que ganham, assim como os que perdem com tal empresa.
Cor. Verde. Sabor. Ambas sem definições, mas temidas e procuradas como só elas. Paisagem e inspiração. Esta, mistério; a outra, contemplação.
Não há um só movimento, todavia o elo de exaltação e tempestade se instalam provocando o olhar e a mente.
Qual será o mistério? Talvez a Lua diga, descansada e rotineira: Non J’e Ne Regrette Rien, todos os dias ao seu amado astro, que se vai com o despertar da estrela.

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Como poderiamos descrever-te, tão docemente quanto o ar que nos invade, inspiração?

As portas estão abertas! Crie a sua própria definição...